Monday 31 March 2008

I need you at the dimming of the day




Dimming of the Day

"This old house is falling down around my ears
I'm drowning in a river of my tears
When all my will is gone you hold me sway
I need you at the dimming of the day

You pulled me like the moon pulls on the tide
You know just where I keep my better side

What days have come to keep us far apart
A broken promise or a broken heart
Now all the bonny birds have wheeled away
I need you at the dimming of the day

Come the night you're only what I want
Come the night you could be my confidant

I see you on the street in company
Why don't you come and ease your mind with me
I'm living for the night we steal away
I need you at the dimming of the day
I need you at the dimming of the day..."

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A canção original é do Richard Thomson, vários artistas fizeram uma versão como por exemplo os The Corrs mas, na voz e na guitarra do David Gilmour ganha, para mim, outro encanto.
Esta é a que anda a passar ultimamente na minha guitarra.
A minha interpretação pessoal da letra diz-me muito...

Sunday 30 March 2008

Stab me moon



Fere-me Lua
Fere-me que não te ofereço resistência
Fere-me misteriosa Lua
Fere a minha convalescência
Quem sobrevive à inconstante ferida
Invulnerável vive à besta animicida

Wednesday 26 March 2008

Black Hawk Down



Titulo português: "Cercados" (Ridley Scott, 2001)

A imagem central deste filme baseado em factos verídicos é a guerra na Somália. A queda de dois, aparentemente invencíveis, helicópteros "Black Hawk" durante uma operação para capturar elementos chave das milícias de Mohamed Farah Aidid (o senhor da guerra da Somália que interceptava as ajudas humanitárias), leva as equipas "Delta" e "Rangers" dos "Marines" Norte Americanos a, sob o mote "No one gets left behind", ficarem cercados por uma cidade extremamente hostil e a sacrificarem-se pelos homens que lutam ao seu lado em verdadeiros actos heróicos.

Vejo este filme regularmente. Volto a ele porque é intenso, bonito, mergulho naquele cenário violento e saio sempre um pouco mais comovido.

"My Love, you are strong and you will do well in life. I love you and my children deeply. Today and tomorrow, let each day grow and grow. Keep smiling and never give up, even when things get you down. So, in closing, my love... Tonight, tuck my children in bed warmly. Tell them I love them. Then, hug them for me and, give them both a kiss good night for daddy."

Se não se arrepiam a ler esta carta, ou não estão vivos ou precisam mesmo de ver este filme...

Monday 24 March 2008

Brrrhhh!!!



Calvin: "Só me levanto quando lá fora estiver tão quentinho como aqui!"

Saturday 22 March 2008

À Espera do Fim


"Vou andando por ai
Sobrevivendo à bebedeira e ao comprimido
Vou dizendo sim à engrenagem
E ando muito deprimido
É difícil encontrar quem o não esteja
Quando o sistema nos consome e aleija
Trincamos sempre o caroço
Mas já não saboreamos a cereja

Já houve tempos em que eu
Tinha tudo não tendo quase nada
Quando dormia ao relento
Ouvindo o vento beijar a geada
Fazia o meu manjar com pão e uva
Fazia o meu caminho ao sol ou à chuva
Ao encontro da mão miúda
Que me assentava como uma luva

Se ainda me queres vender
Se ainda me queres negociar
Isso já pouco me interessa
Perdemos o gosto de viver
Eu a obedecer e tu a mandar
Os dois na mesma triste peça
Os dois à espera do fim

Tu tens fortuna e eu não
Podes comer salmão e eu só peixe miúdo
Mas temos em comum o facto de ambos vermos
A vida por um canudo
Invertemos a ordem dos factores
Pusemos números à frente de amores
E vemos sempre a preto e branco o programa
Que afinal é a cores"



Jorge Palma, álbum: "Só"
.

Tuesday 18 March 2008

Hey! You've Got To Hide Your Love Away




Eu adoro os Pearl Jam. Apesar de nos concertos aquele "Hey!" provocar um arrepio na espinha e lançar uma pequena descarga de adrenalina, o Eddie Vedder que me perdoe mas a versão original é a melhor. E acho que ele concorda comigo. Tocar os acordes das músicas dos Beatles, é algo que qualquer pessoa - que possua uma guitarra - fez em algum momento das suas vidas. Esta música é uma das minhas inúmeras favoritas desta banda fantástica.

Beware of the Dog



Não sei se dá para perceber - O Charlie Brown decide colocar um placa perto da casota do Snoopy a dizer: "Cuidado com o cão!" E o Snoopy pensa: "Sempre quis ter uma coisa daquelas".
Gostamos de pensar que somos perigosos. Eu gostava de ter uma placa imaginária ao meu lado a dizer: "Cuidado, este gajo é perigoso".
Como te compreendo rapaz!

Periquito


"Quando era pequeno, tive um periquito. Era o único bicho de que eu gostava verdadeiramente. Costumávamos deixá-lo sair da gaiola, e ele começava a voar até chocar com um daqueles espelhos enormes que a minha mãe tinha lá em casa. Já ouviram falar daquele princípio da decoração de interiores, segundo o qual um espelho faz parecer que temos outra sala para além daquela? É preciso ser-se muito idiota para chegar ao pé de um espelho e dizer: "Olha, está ali outra sala. E está lá um tipo mesmo parecido comigo."
Mas o periquito caía nessa. Deixava-o sair da gaiola, ele começava a voar à volta e PUM! Ia dar com a cabeça em cheio no espelho. E não têm capacete, nem qualquer tipo de protecção quando voam. Só aquele penteado para trás. Muito aerodinâmico. E eu pensava: "Mesmo que ele pense que o espelho é outra sala, porque não tenta pelo menos não chocar com o outro periquito?"
Mas não é preciso ser assim tão esperto para se ser periquito. O teste só tem duas perguntas: "Sabes voar? Tens a cabeça macia? Então és um periquito.""

Jerry Seinfeld, in 'Linguagem Seinfeld'.

Saturday 15 March 2008

...estou aqui...




"Será melhor deixar essa nuvem passar
E você vai saber de onde vim, aonde vou
E que eu estou aqui"


...só cheguei agora, muito podia ter sido escrito, e muito também ficará...

Alfredo é Gisele!



"Sora vê, daqui do táxi a gente sabe é cada coisa... Sabe e aprende, aprende até a não ter preconceito. Outro dia peguei um casal assim já de meia idade, bem apessoado, lá no centro, no Teatro Municipal. Eles tinham ido vê uma tal de uma Ópera, sei lá. Já eram umas 11 e meia da noite, a gente veio bem até o Aterro, entramos em Botafogo e o trânsito emperrou. A mulher já azedou na hora e foi falando para o marido:

- Que trânsito é esse, quase meia noite? Não é esquisito, Alfredo?

E o tal do Alfredo parecia um homem rico mas não era fino, sabe ? E não gostava mais dela, eu acho. O cara era uma múmia. A resposta dele pras conversas da mulher tavam mais pra rosnado, sabe?

- Alfredo, isso não é uma absurdo? Nós aqui parados num trânsito quase de madrugada, não entendo, é estranho, hoje é sábado. Será que é algum acidente, Alfredo?

Como o homem não dizia nada, aí e eu interrompi: com todo respeito sabe o que é isso madama? Simplesmente aqui virou um lugar só de "homensexuais" e mulher sapatona. É cheio de barzinho deles, a rua toda. Fim de semana ferve. Quem quiser ver homem beijando homem e mulher se esfregando em mulher, é aqui mesmo.
- Você tá ouvindo, Alfredo? Meu Deus, eles agora tem até bar pra eles, até rua!? Não é um absurdo, Alfredo?

- Ô Onça, cê me conhece, sabe bem como é que eu sou. Pra mim isso se resolve é na porrada. Se eu sou o pai, desço do carro e não quero nem saber o que é que entortou, o que é que virou, não quero saber o que é cú e o que é fechadura, baixo o sarrafo na cambada! Eu, com sem vergonhisse, o sangue sobe, eu viro bicho.
- Pára de falar essas palavras de baixo calão, Alfredo. Hum! Fica de gracinha que a pressão vai lá nos Alpes, você sabe muito bem o que é que o médico falou ..., não é motorista? Alfredo não é muito esquentado?

Eu dei o meu pitaco:

- É madame, o negócio que ele tá falando é como eu vi no filme. Uma metáfora. Ele não vai bater, vai só ficar zangado.
- E o senhor sabe o que é metáfora? O senhor entende de metáforas? Escuta isso Alfredo! O que é metafora, seu motorista?
- Metáfora pelo que eu entendi é assim: aquilo não é aquilo, mas é como se fosse aquilo. Então, em vez da gente dizer que aquilo é como se fosse aquilo, a gente diz que aquilo é aquilo. Mas não é. É como se fosse. Foi?
- Eu acho que o senhor tá certo, mas na verdade eu estou é chocada com essa libertinagem. Olha aquele homem... que safadeza me Deus! E de bigode ainda! Escuta isso Alfredo!
- Escutar o quê, Coisa?
- O que eu estou vendo, gente! Ai, Alfredo, não está vendo? Parece que é cego, não é motorista?
- Hoje tá até fraco. Eu falei. Hoje nem tem os “general”?
- Quem são? Escuta isso Alfredo?
- General das sapatona é aquelas de coturno que parece mais com um macho do que qualquer coisa. E o outro general é o homem transformista que é a traveca, mas anda é na gillete mesmo.
- Tá ouvindo, Alfredo? A violência e a decadência como estão?
- E a gente vai ter que ficar parado nesta merda, ô Coisa?
- Calma Alfredo, não fica nervoso! Isso é questão do nível das pessoas. A gente que tem... não é motorista? ... mais condições, temos que entender essa...,essa..., como é que eu digo, meu Deus? Essa...
- Putaria!

Falamos juntos, eu e o tal do seu Alfredo com cara de doutor de num sei de quê.

- Cruzes Alfredo, não era isso que eu ia.... Alfredo, olha aquela moça! Gente, uma menina, dezoito no máximo, e a outra maiorzuda no meio das pernas da coitadinha, fazendo sabe lá o quê !!! Tá vendo Alfredo aquela alí? Alí, aquela Alfredo, em cima do carro! Olha lá Alfredo, a mão da grandona na menina! Elas vão ser beijar na boca, minha Nossa Senhora...
- Que transitozinho, hein? nunca mais viremos por Botafogo, tá decidido!
- Mas Alfredo olha a menina! Tá beijando, tá beijando, tá beijando Alfredo! Ela parece... Alfredo é Gisele! Alfredo! Nossa filha!?
- Filha da puuuutaaa...

E desmaiou o tal doutor, enquanto a jararaca da mulé ventou porta afora de sapato na mão atrás das duas e eu pensando: não quero nem saber, encosto aqui mesmo e espero o resolver, que uma corrida dessa eu não vou perder, que eu não sou bobo e nem sou rico. É ruim de eu ir embora, heim?

Então eu fiquei naquela situação: eu com um cara que era um ex-valente todo desmaiado no banco de trás parecendo uma moça, a mulé saiu pisando forte que nem um general, quer dizer, tudo trocado e eles reclamando da filha. Se eu pudesse eu ia lá defender a moça, mas não posso, já que o negócio é de família, né?
Eu não tenho preconceito, mas é isso que eu tava falando pra senhora: daqui a gente sabe cada coisa! E é cada um com o seu cada qual."

Elisa Lucinda, in 'Contos de vista'.

A História de Candaules e Giges



"A hegemonia da Lídia, antes na mão dos Heráclidas, passou à descendência de Creso - os chamados Mermnadas - da seguinte maneira:
Candaules, chamado Mírsilo pelos helenos, era o suserano de Sardes; ele descendia de Alcaios, filho de Héracles. Ágron, filho de Nino foi o primeiro heráclida rei de Sardes, e Candaules, filho de Mirsos, foi o último. (...)

Ora, este Candaules estava apaixonado pela própria esposa e, na sua paixão, julgava ter a mulher mais bela de todas, sem sombra de dúvida. Convencido disso, ele falava com entusiasmo de sua beleza a Giges, filho de Dáscilo, seu favorito entre os componentes de sua guarda pessoal, pois era a Giges que Candaules confiava seus segredos mais importantes.

Não muito tempo decorrido – pois queria o destino que lhe acontecesse mal – disse Candaules a Giges o seguinte: “Giges, parece-me que não acreditas no que te digo acerca da beleza da minha mulher. Já que, para os homens, os ouvidos são mais incrédulos do que os olhos, faz de modo a contemplá-la nua”.

O outro, com intenso clamor, disse: “Senhor, que palavras insensatas profere, ao ordenar-me que contemple a minha senhora nua! Quando uma mulher tira as vestes, despoja-se ao mesmo tempo do pudor. Há muito descobriram os homens os bons princípios, que se devem conhecer. Entre eles está o seguinte: Ponha cada um, os olhos no que é seu. Por mim, acredito que ela seja a mais bela de todas as mulheres e rogo-lhe que não me peça coisas ilegais.”

Com tais palavras resistia à proposta, temendo que daí lhe viesse qualquer dano. Mas o outro retrucou assim: “Tranquiliza-te, Giges, e não tenhas receio nem de mim, que te faço esta proposta para te pôr à prova, nem de minha mulher, que dela te possa vir algum dano. Eu farei as coisas de modo a que ela nem sequer saiba que foi observada por ti. Esconder-te-ei no compartimento em que dormimos por trás da porta aberta. Depois de eu entrar, também a minha mulher se apresentará para se deitar. Próximo da entrada há uma cadeira, nela minha mulher deixará cada peça de sua roupa à proporção que a for tirando, e terás oportunidade de a ver com toda a tranquilidade. Mas quando ela, da cadeira, se dirigir ao leito e tu ficares nas suas costas, procura então que não te veja, ao franqueares a porta.” Giges, dado não lhe ter sido possível escapar, acedeu.

Quando lhe pareceu ser a hora de dormir, Candaules levou Giges para o aposento e logo depois surgiu também a mulher. Quando ela entrou, à medida que tirava as vestes, Giges contemplou-a e, na verdade, ela era mais bela do que ele pudera imaginar. Logo que ele a viu de costas, quando se dirigia para o leito, deslizou sorrateiramente e retirou-se. Mas a mulher viu-o enquanto saia.

Compreendendo o que tinha feito o marido, não gritou de vergonha nem mostrou ter percebido por ter na mente vingar-se de Candaules. É que entre os lídios, como entre quase todos os outros bárbaros, ser visto nu provoca grande vergonha, mesmo para um homem. Deste modo pois, nada dando a entender, manteve-se tranquila. Mas logo que o dia surgiu, depois de preparar os servidores que considerava serem-lhe mais fiéis, chamou Giges. Este, pensando que ela não sabia nada do que tinha acontecido, acudiu ao chamamento. Já antes, na verdade, costumava apresentar-se, sempre que a rainha o chamava.

Quando Giges chegou, disse-lhe isto: “Das duas vias que agora se te apresentam Giges, eu dou-te a escolher a que desejares seguir: ou te submetes à morte por teres olhado o que não devias, ou matas o meu esposo que me humilhou, tonando-te rei no seu lugar. Sim, tem de morrer, ou aquele que planeou esta trama ou tu que me observaste nua fazendo coisas que não te eram lícitas.”

Giges, por um momento, admirou-se do que lhe dizia, mas em seguida suplicou que não fosse obrigado a ter de fazer semelhante escolha. Todavia não a demoveu, mas viu verdadeiramente diante de si a necessidade de matar o senhor para não ser ele próprio morto por outros.

Então interrogou-a deste modo: “Já que me constranges a matar o meu senhor contra a minha vontade, quero saber de que modo atentaremos contra ele."

E ela, disse: “O golpe sairá do mesmo lugar de que também ele me fez ver nua, e o ataque será durante o sono.”
Uma vez concertada a conjura, chegada a noite – já que não se via livre nem tinha qualquer fuga, pois era forçoso que fosse morto ou matasse Candaules – Giges seguiu a mulher para o tálamo.

Ela, entregou-lhe um punhal e ocultou-o por trás da mesma porta.
Em seguida, enquanto Candaules dormia, ele saiu do esconderijo e matou-o.

Assim Giges usurpou o trono e desposou a rainha.
Fim."

Heródoto, in 'Histórias'.

A Morte em Veneza



"Não há nada mais estranho e melindroso do que a relação entre pessoas que só se conhecem de vista - que se encontram e se observam diariamente, ou mesmo a toda hora, sem um cumprimento, sem uma palavra, forçadas a manter uma aparente indiferença de desconhecidos, por imposição dos costumes, ou por capricho pessoal. Há entre elas inquietação e curiosidade exacerbada, a histeria de uma necessidade insatisfeita, artificialmente reprimida, de travar conhecimento e comunicar-se, e também, sobretudo, uma espécie de respeito carregado de tensão. Pois o ser humano ama e respeita seu semelhante enquanto não tem condições de julgá-lo, e o desejo é produto de um conhecimento imperfeito."

Thomas Mann, in 'A Morte em Veneza'.

echoes




"Strangers passing in the street
By chance two separate glances meet
And I am you and what I see is me"

Acto I Cena I


Génese...
Era uma vez...
Boa noite...
Tudo começou...de alguma maneira!