Então de repente, começa a velha melodia de uma doçura celestial, e senti logo uma impressão de alívio em meio às lembranças do passado, do tempo em que ouvi essa melodia, dos dias sombrios que se seguiram, da minha mágoa, das minhas esperanças perdidas, e depois... Pus-me a andar de um lado para o outro da sala; o meu coração sufocava ao peso das recordações.
Se eu pudesse exprimir o que senti! O meu arrependimento. O querer tocar o que nos toca os sentidos. O querer tocar-te e ouvir a tua voz. O vazio horrível que senti no meu peito - se eu pudesse uma vez, ao menos uma vez, apertar-te contra o coração, todo esse vazio seria preenchido. Mas olhei para ti... era como se houvesse um enorme muro diante da minha alma... jamais ousaria beijar os teus lábios e aspirar as doçuras que em ti encontro - a tão desejada felicidade... e depois? Para onde irias depois?
"É vã toda a pesquisa delirante,
Cada um só aprende o que pode aprender;
Mas aquele que agarra o instante,
Esse é um homem a valer."
Fausto - Johann W. GoetheP.S. - E assim constato os audazes modos que me faltam para outras almas em mim confiarem.
P.P.S. - Não sou um homem a valer.