Monday, 16 February 2009

Em Prosa, a Rosa.



Comprei uma Rosa, daquelas grandes, vermelhas, para oferecer a uma amiga no dia de São Valentim, mas esqueci-me de lhe dar água e ela ficou toda murcha e feia e escura, num estado de languidez profunda perdeu a cor, o odor fresco e doce, o orgulho. Ela era tão bonita! Linda! A Rosa perfeita. Que tristeza! Não evitei o sezão. Senti que o Sol se iria erguer contra mim em cruel retribuição. Foi a minha inépcia que a humilhou! Não fiz por mal.
Antes de ontem meti-a numa jarra com água mas, ela continuou triste e atónica. Ontem mudei a água, submetia ao clima quente e seco do meu quarto, coloquei-a virada para nascente e hoje, para minha surpresa e felicidade, voltou a ser a mesma Rosa que tinha conhecido na loja. Fiquei num contido êxtase supremo. A constrição promovida por aquela visão provocou a fremência dos meus gestos, pois senti que me tinha perdoado a insolência. Ergueu-se curada de uma larga e funda ferida. Está bela, vicejante e orgulhosa. Lindíssima! Deslumbrante! Perfeita! Ébria de vermelho, valente. Estou feliz! Assim eu quisera um dia. Prometi não mais magoar seu peito compassivo.
Sabem? As rosas precisam de água nova todos os dias. Acho que agora já posso oferecê-la. E quando o fizer, vou dizer que ela passou por muito. Acho que isso a vai valorizar. É uma Rosa forte.
A Rosa é o símbolo feminino por excelência. Mas também é um símbolo de amor e paixão. Será coincidência?
O tempo muda tudo. E a água.

1 comment:

Fresquinha said...

A aspirina também resulta :-) Comovente esta história. Que amiga com sorte !