Tuesday, 10 March 2009

Infelicidade e Inveja


Se aquilo que nos prejudica e ao próximo merece tal nome. Não é suficiente sermos incapazes de nos fazer felizes uns aos outros? Passamos indiferentes por um triste na estrada, ignoramos os seus suplícios e, ainda temos de nos apoderar do prazer que cada um pode encontrar dentro de si mesmo?
Apontem-me alguém que, estando infeliz, tenha a coragem de ocultá-lo, de sofrer sozinho, sem contaminar a presença de espírito dos demais, sem perturbar a alegria dos que o rodeiam e por sua vez contrariar abnegado o seu estado sombrio insociável.
A infelicidade não será uma tristeza íntima, um sentimento da nossa própria insuficiência incapaz de se opor à adversidade premiada pelo tempo e a má ventura, que provoca um descontentamento em relação a nós próprios, ao qual se junta sempre a inveja em razão de uma vaidade idiota?
Quando vemos algumas pessoas felizes, sem que para isso tenhamos contribuído, essa felicidade é para nós insuportável.
Pobre aquele que usa o seu poder sobre um coração para abafar as singelas alegrias que nele nascem espontaneamente! Todas as dádivas, todas as gentilezas deste mundo não compensam um só dos instantes de contentamento, se esses instantes forem envenenados pelo despeito de um tirano.

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